Tiveste meu coração
na mão e poderia tê-lo tornado teu.
Mas não...
preferiste segurar e destroçar.
E lágrimas e desculpas
não apagam lembranças.
Afinal, aqui reside:
desmembrado e destroçado.
E cá estou com recordações:
apunhalaste meu
coração... porque não sabias... o que era um.
Tenho um
desmembrado...
que impede o
esquecimento de tua ignorância...
E ainda que este
pequenino...
que deficiente
sobrevive em meu peito...
sequer tenha força
para te odiar...
Tiveste meu coração
na mão, mas preferiste não torná-lo teu.
Escolhas foram
feitas.
E precisas aprender a
conviver com elas.
Eu também.
(Esyath Barret)
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Puta que pariu! O rancor que
sinto é tão afiado que se me permitisse... diria tantas aberrações e
impropérios que apenas me levariam ao
mesmo estado patético e ridículo que abomino na minha mãe. Sinto que se
libertasse o autocontrole... sim eu seria capaz de chegar a agressão, como em
tantas ocasiões praticamente cheguei.
Não é fácil ter que lidar com uma
pessoa... que é doente... evidente que minha mãe sofre de transtornos
psicológicos que com o tempo apenas se agravaram... fechou-se em um mundo
próprio, alheio, onde cada vez dialogamos menos... e ela se torna pior... mais
bruta, grotesca, animalesca... um ser
humano que me faz perder a razão e o bom senso... durante anos ela me intimidou
com agressões... eu tinha medo de ser ofendida física e psicologicamente... mas
tudo bem... era uma criança... o que poderia fazer afinal!?
Hoje ela me intimida de uma forma totalmente
diferente... passou a despertar o meu pior lado... o negro... me leva a temer
me tornar alguém descontrolada como ela... que não consegue tratar as pessoas
com respeito e educação... que permite que sentimentos prevaleçam sobre a razão...
me intimada porque temo me tornar...ela.
O maior medo da minha vida é não
encontrar o amor. É verdade. É um medo tão grande e intenso... que provavelmente eu passei a agir na
defensiva e a negar... que quero ser amada... É mais fácil ser cínica e focar
no estudo, no trabalho... mas quando conversas surgem e sou criticada por meus
irmãos... que dizem sobre como eu deveria viver minha vida... buscando alguém
para casar e ser mãe... rolando aquele papo de “você quer terminar seus dias só!?” Dá vontade de berrar:
Gente ACORDA!
Eu NÃO quero condicionar minha
vida a outra pessoa. Se aparecer ótimo, vamos ser felizes no poente juntos! Mas
se não rolar... eu preciso saber seguir com minha vida... só. Aprender a gostar
de mim e a investir em mim. Para não me tornar um ser humano frustrado como a
minha mãe... que se afasta das pessoas porque as expectativas não foram
atingidas... Eu tenho que ser capaz de
me olhar no espelho e gostar de quem eu vejo... física e psicologicamente
falando... e isso é difícil pra cacete... quer dizer não é como se eu me
achasse top... porque tô bem longe disso... e esse papo fica pra outro post...
Mas uma coisa é fato: sim, eu tenho medo de ficar só, e sim não quero que
saibam disso, pois não, ninguém precisa saber.
Curtir meu medo só já é
embaraçoso.... se for de uma forma coletiva... será como disse uma amiga minha
hoje... terei vontade de encontrar um banheiro para enterrar minha cabeça na
privada.
E aí... me escondo atrás deste
cinismo utópico e me afogo em compromissos... porque se não tiver tempo e
coragem de encarar isso... talvez consiga vencer meu medo e lidar com minha
vida como devo: sozinha
E daí que quero ter filhos e
provavelmente os terei sozinha? Ou que não serei amada romanticamente e que não
viverei momentos simples e comuns como ir a um cinema acompanhada, jantarzinho
a dois, boliche ou videogame em par, caminhada na praia, viagem de
lua de mel... a vida não para por isso... tentar fazer tudo só... e guardar este medo... é algo privado.
O medo que pode se tornar público
é: me tornar a minha mãe.
Alguém que não se dá ao respeito
por não ser capaz de respeitar os demais. Insuportável pela intolerância ou prepotência.
Incapaz de assumir erros ou de tentar mudar. Solitária por não buscar entender
o próximo... por se recusar a tentar ouvir... e a saber amar as pessoas como
são... com seus piores defeitos e melhores qualidades. Se irritar com o outro é
supernormal. Tentar modificar o outro... por pior que seja... sob uma ótica egocêntrica...
e errada... e até mesmo imoral... também é normal, porque nós seres humanos
estamos sempre nos influenciando e impactando... e nos transformando... para
melhor e para a pior... Mas
infernizá-los por isso... porque eles se recusam a ser quem queremos que
sejam... é INADIMISSÍVEL.
Pois a partir do momento em que
eu quero que o outro me aceite como sou... devo ser a primeira a saber aceitá-lo.
E mais que isso... preciso saber que palavras existem para comunicação e não
para agressão. Se não sou capaz de escolhê-las com bom senso... e até mesmo
amor... perco minha humanidade e me torno um animal... selvagem. Incapaz de
diálogo e de afeto. E animais que não conseguem ser domesticados... e nem escolhem
este caminho... encontram apenas um destino: o total abandono.
E esta tortura... pode levar a
total insanidade. Outro medo que tenho... porque afinal parece ser algo de
família... E sim, minha mãe é insana. Porque ninguém em santa consciência é
capaz de chamar filhos de “viado”, “rapariga” e “kenga” desde jovens... e achar
que é certo ou normal... Não é possível que uma mãe veja um filho assumir uma
dívida horrenda para livrá-la de um problema... crítico e ache que isso não tem
valor algum... recusando-se até mesmo a saber o teor da dívida... não é
possível que uma mãe sinta prazer em infernizar... e arrancar lágrimas de seus
filhos... quando sempre lutou tanto por
eles... a bipolaridade prefiro acreditar que decorre de insanidade não tratada
do que de crueldade... porque se é crueldade... então não poderei mais chama-la
de mãe... mal consigo olhar para ela... é importante saber que está aqui... mas
incompreensivelmente não consigo mais encará-la nos olhos... porque ela me envergonha...
dói... intimida... irrita... incita a desaparecer... mesmo quando desperta a
piedade... ou a vergonha de ver quem tantas vezes eu me permiti me tornar por não
saber lidar com ela...
É complicado. #conclusão
#momentodesabafo #verdadedói